O reisado, tradição que celebra o Dia de Reis em 6 de janeiro, é uma manifestação cultural que mantém viva a herança do nascimento de Cristo e a visita dos reis Magos ao “Menino Deus”. Essa festa popular, repleta de ritmos, danças e cantorias, destaca a riqueza das tradições orais e visuais do Brasil, reafirmando a pluralidade de expressões culturais que compõem o nosso patrimônio imaterial.
Em Juazeiro do Norte, a mestra Cícera Flatenara, aos 27 anos, transformou sua paixão pela arte do reisado em missão de vida. Inspirada pelo legado de seu pai, o mestre Cicinho, que tragicamente foi assassinado no Dia de Reis, ela lidera o grupo Mirim Santos Expedito, que já conta com a participação de cerca de 30 crianças e adolescentes, perpetuando a cantoria e os rituais que marcaram sua infância.
A continuidade do reisado em Juazeiro do Norte reflete uma forte tradição familiar e comunitária. Cícera aprendeu os segredos do reisado com seu pai, que não mediu esforços para construir e financiar o grupo, garantindo que a arte e a cultura fossem transmitidas de geração em geração. Essa dedicação familiar tem sido crucial para a manutenção de uma prática que, historicamente, mobilizava a comunidade local.
Em outras regiões do Brasil, grupos tradicionais também se esforçam para manter a autenticidade do reisado. Em Esteio, no Rio Grande do Sul, por exemplo, o grupo “Terno de Reis” segue as tradições orais e musicais que caracterizam essa manifestação. Essas iniciativas demonstram a abrangência do reisado, que, apesar das diferenças regionais, mantém um núcleo comum de identidade cultural e ritualística.
O impacto do reisado na cultura nacional é notório. Dados do IBGE apontam que regiões como o Cariri, onde o reisado tem raízes profundas, concentram uma população significativa e valorizam iniciativas culturais tradicionais. Pesquisas indicam que projetos culturais que resgatam tradições populares podem aumentar o engajamento dos jovens em até 40% e impulsionar o turismo cultural local em torno de 15%, promovendo também o fortalecimento da economia criativa e a geração de renda nas comunidades.
A profissionalização e o comprometimento dos líderes e grupos de reisado demonstram que a tradição, quando bem conduzida, se torna um ativo cultural de grande valor para a sociedade brasileira. Iniciativas como a de Cícera Flatenara reafirmam a importância do resgate e da renovação de práticas artísticas que, além de preservar a memória histórica, inspiram novas gerações a manter vivas as raízes culturais do país.
A redação
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